escala 6x1

mais um dia, feriado numa sexta, 15 de novembro, um dia a mais no fim de semana. 

sozinha em casa por um momento. é muito bom ter companhia e é muito bom ficar sozinha também. talvez é essa a graça de que nada dure para sempre, a graça de não precisar congelar momentos, porque no fim das contas, não é exatamente o momento que quero congelar e sim a sensação, a emoção, o sentimento. momentos de contemplação com guilherme são tão bons. a gente conversa sobre tudo e eu me sinto numa extensão da terapia porque eu fico devaneando e falando alto tudo e não me sinto nem um pouco julgada por ele. queria que ele se sentisse dessa forma também, mas não sei examente que tipo de coisas eu proporciono pra ele. 

no momento estou aqui sozinha em casa e é muito bom poder escrever em silêncio, sem interrupções e sem pressões. é bom ter manhãs calmas e preguiçosas. sentir tudo passa devagar, sem pressa e viver com tranquilidade esses momentos. é bom retornar ao hábito da escrita e eu entendo que na maioria dos dias esse não vai ser o meu cenário. na maioria dos dias eu vou escrever com pressa ou com tempo contado ou com preguiça. e eu quero me habituar a escrever nesse contexto caótico, porque eu quero retomar esse hábito que é tão importante pra mim. assim como ler, fazer atividade física, correr, cozinhar etc

qualquer hábito exige uma certa disciplina, exige uma certa constância e essa parece ser a beleza e a dificuldade de todo esse processo. dentro desses moldes da sociedade que a gente está, a disciplina parece vir sempre atrelada apenas ao que nos traz compensação financeira e é muito triste que seja assim. definitivamente não é uma culpa individual e é importante trazer a consciência que a disciplina do esforço e constância tem sido apenas para o trabalho, sabe? eu lembro que foi na epoca do tcc que me veio essa consciência desse tipo de realidade e foi no processo de escrita daquele trabalho que eu tentei reverter isso de alguma forma para ganho próprio, para alimentar meu ego sobre a escrita, para ter a validação e a aprovação para a finalização daquela etapa específica que era a faculdade. 

engraçado que naquela época, a vida acadêmica parecia ser o lugar onde eu queria me encaixar e até agora eu não consegui me organizar para dar andamento a isso. eu sinto que é na vida acadêmica que eu conseguiria me manter escrevendo e pesquisando, coisa que, durante a faculdade, me pareceu a parte que mais gostei de tudo isso. ler e escrever. de certa forma ainda é. escrever ainda me alimenta muito. eu deveria volta a proporcionar isso a mim mesma, tentar me sentir novamente em algo que pareça preencher parte de mim. 

ai vem mais uma crise: por que só manter o hábito para mim não basta? por que isso tem que se tornar um trabalho? por que isso tem que trazer alguma compensasão financeira para parecer digno de se manter em minha vida?

andando e confessando

1 mês e 2 dias

Diferente começar um texto enquanto ando pela rua e penso sobre coisas como uma espécie de confissões sobre mim mesma. 

7:29am 

(neste momento acredito que estou cada vez melhor na habilidade digitar enquanto ando, mesmo que eu tenha falado ontem na terapia sobre como meu nível de aceleração me atrapalha e fazer duas coisas ao mesmo tempo talvez não seja a melhor forma de me ajudar a melhorar neste aspecto)

Porque quando eu penso em textos com imagens eu só penso em formato de publicação no Instagram? Será uma forma de perceber como me importo mais como eu vou ser vista do que o que realmente vem do meu coração, o que realmente eu sinto?

Explico:

não é só pelo formato em si, me parece realmente eu me importo muito com sensação de aplausos, algo do tipo, nossa olha como ela é cool, olha o que ela pensa, olha como ela escreve, olha como ela é profunda e artística. E sim, o impulso é o Instagram, mas eu estou sendo honesta demais sobre mim para publicar esse tipo de coisa por lá. 

Fora que tirei fotos da minha casa e não tenho fotos com o meu parceiro e isso me faz questionar tanto sobre meu relacionamento, sobre eu estar ou não feliz nele. eu me sinto feliz em diversos momentos, porque eu fico duvidando da minha felicidade e conforto quase que o tempo todo?

Porque eu não sinto mais vontade de transar? Porque que não tem sido mais tão orgânico como costumava ser algum tempo atrás?

30 dias de escrita

começando assim sem um roteiro, só tentando voltar com um antigo hábito tão caro pra mim por tantos anos e, principalmente, neste espaço que me acompanha há mais de 10 anos. que lindo poder construir isto e me pergunto porque me deixei levar pelo esquecimento de como isso me enriquece e pode me preencher de tanta formas. escrever é algo muito precioso e caro para mim, não quero deixar isto morrer, por isso vou me propor escrever um pouco que seja por 30 dias aqui no blog que tanto amo. acabei de sair da terapia, estou inspirada e com café batendo na cabeça. 

tenho que aproveitar estes momento para só fazer, independente de como saia, só fazer. 

só começar.

Planejamentos

 2024

- cuidar da minha saúde 
- mudança 
- carteira de motorista 
- projeto de pesquisar pro mestrado de engenharia civil com Rozana Rivas
- mentorias Motriz 

- aniversário 28 aninhos

 2025

- mestrado ufs
- estudar para proficiência 

- prova proficiência (primeiro semestre)
- aplicar pro Chevening (segundo semestre)
- alumni Motriz 

- aniversário 29 aninhos

 2026

- mestrado ufs (dissertação/finalizar antes de setembro)
- bolsa Chevening

- mestrado Londres (Urban Studies)

- aniversário 30 aninhos 

Ressignificando planejamentos

Acredito que 2019 foi o último ano que pensei na minha vida a longo prazo no sentido de desenvolver planejamentos de onde e como eu queria estar em 2, 3 ou até 5 anos. Em 2020 veio a pandemia e tudo pareceu muito sem sentido até pouco tempo. De forma geral eu sinto que tenho pouco ou quase nenhum controle sobre os acontecimentos da minha vida e, às vezes, bate uma sensação de que a culpa é minha, que me falta foco. 

Mas quando eu paro para ver de fora, é muito pouco sobre mim e muito sobre termos controle sobre pouquissimos porcentos de tudo que acontece. Consigo ter controle sobre o resultado prático de algo, como por exemplo, a nota de uma prova - apesar de que até isso pode ser subjetivo em alguns casos. Eu aprendi a viver sem grandes planejamentos e isso me parece mais sustentável do ponto de vista emocional. 

Me explico: eu tenho menos frustrações vivendo assim. 

Eu não terminei a faculdade no ano que planejei, não fiz os mestrados nos anos que planejei e, na verdade, eu ainda não me apliquei para mestrado algum. Por outro lado, construí uma relação  amorosa sólida e não foi nenhum pouco planejada, vou me mudar para um apartamento e casar e, definitivamente, não foi algo planejado. Faço parte uma organização do terceiro setor e sou Trainee de gestão pública, que foi algo planejado até certo ponto, mas demorou muito até que se tornasse palpável e trouxesse resultados.

E tudo bem. Demorou para eu processar, mas hoje posso dizer que sou feliz com a forma que as coisas chegaram até aqui. 

Demorei para fazer as pazes com o desenrolar de tudo, mas eu me sinto satisfeita com o processo. Não é como se minha "falta de foco" me levou a lugares dos quais me arrependo, pelo contrário. Parece que confiar no processo e no universo me ajudou bastante. Lógico que paciência não é minha maior viturde e confesso que brigo muito com o tempo das coisas até hoje, e talvez isso não mude, mas entender já ajuda a amenizar ansiedades. 

eu queria sentir que minha vida "anda" mais rápido do que realmente ela anda.

eu queria sentir que já conquistei mais coisas. 

É injusto comigo mesma pensar que não tenho nada ou não tive escolhas e que foi tudo compulsório. Eu construi o que tenho hoje. Construi com o que me foi encaminhado e agora eu me sinto apta a voltar para os planejamentos. Me bateu uma vontade de ver a vida a longo prazo. Se isso pode me causar alguma frustração, eu não sei, mas provavelmente só saberei tentando novamente. 

Será que o planejamento é uma espécie de sonho? Um sonho meio pé no chão, talvez? Ou sonho ta mais no campo de algo ainda não palpável, porém com muita intenção de se tornar realizável? não sei, mas seguirei pensando e me voltando a me planejar para conquistas 

sexta

hoje eu vou correr para me sentir melhor

eu realmente me sinto melhor depois correr alguns quilômetros

hoje eu me senti manipulada

e sozinha para lidar com tudo

confesso que gostava quando as coisas viravam textos bonitos

pelo menos a dor se transformava em algo

hoje sinto meus textos sem vida

sem emoção

tão cansados quanto eu

eu cresci tanto e parece que ainda sou

uma pessoa que erra tanto que sempre carrega

uma culpa tão grande

mesmo sabendo que não tem esse controle

todo de tudo dessa maneira

mas tudo sempre me retorna pra uma parte ruim

para uma parte difícil e dolorida

e parece apagar tudo que é positivo

lidando com o mundo

as vezes parece que tudo dói muito

todo esse processo de lidar com tudo

que acontece

eu preciso de silêncio 

eu preciso de mim

quando tudo ao redor parece tão insuportável

eu tenho dificuldade de lidar com o mundo

me parece sempre tão dificil ser diplomática

é tão mais fácil só ser a gente

a gente sabe o que gosta ou não

pra que fingimentos

mas me sinto tão incompatível com o mundo

quando me mostro pelo que sou

quando lido com o mundo 

eu me sinto tão difícil 

tão impulsiva tão fora de mim

me sinto errada e fazendo tudo errado

sempre

quando lido comigo eu percebo 

como sou forte

como sei o que quero e 

sei o que devo fazer 

quando lido comigo eu me amo

e me cuido

me perdoo e me entendo

eu não gosto de como estou me sentindo

existe um peso no meu coração

e um medo de ser eu mesma

um medo de ser manipulada

e me sentir manipulada

eu tenho medo de umas pessoas

e da memória curta de outras

me assusta me sentir sozinha

eu lembro quando escrevia para lidar 

com o mundo

quase todo dia

eu escrevia para lidar com  mundo

e parece que sempre tudo doeu muito

só mudou o nível da responsabilidade 

de tudo