terça-feira, 14 de junho de 2022

texto da gabi dourado para a new era pra ter luz e que me identifiquei muito

 Eu me mudo.

Muito.
Um dia achei que me mudava de casa todo ano porque, na real, queria mudar de vida. Só não sabia como.
Mas aí eu mudei de vida. E continuo me mudando de casa todo ano.
Eu me mudo.
Mudo de aparência, corto, pinto, troco a roupa.
Mas a cara no espelho continua minha (diferente de Nando). Nesta só o tempo atua. E o tempo tem o tempo dele que quase nunca é o meu.
Eu me mudo.
Enjoo da minha própria personalidade e tento ser outra.
Aproveito novas casas, novas caras, pra tentar ser uma nova eu. Busco ser mais calma, falar menos, falar baixo, não fazer tanta piada, não me importar tanto com o outro e não revelar tanto de mim no primeiro oi.
Só não dura muito, no máximo o tempo de um próximo corte.
Eu me mudo. Eu me mudo o tempo todo e achava que se mudar era apenas um sinônimo para trocar de residência. Sair de uma casa e entrar em outra. Encaixotar objetos como quem guarda histórias, escolhendo quais memórias merecem seguir e quais deveriam ser descartadas.
Num desejo profundo de que o inconsciente funcionasse da mesma maneira e só lembrasse do que valesse a pena ser lembrado, ou daquilo que não dói, ou do que orgulha e não envergonha.
Mas lembro que digo que ME mudo. Numa ação direta e consciente de mudança.
Eu me mudo querendo ter o controle sobre a impermanência, sobre o inesperado, como se possível fosse. Eu me mudo pra poder sentir a possibilidade de mudar por escolha, por desejo, e não como uma ação da natureza, não por sobrevivência, tal qual uma iguana que muda de cor ou uma cobra que muda de pele. Me mudo para me sentir tão humana e me distanciar do intuitivo. Tão, mas tão humana a ponto de ignorar os instintos, a sensibilidade, de pensar demais e de achar, tal qual os tão tão humanos, que tenho poder de ação sobre tudo.
Eu ME mudo.
Eu me mudo pra assim me permanecer tão previsivelmente a mesma.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

hoje

um punhado de coisas sem conexão



eu estou chorando bastante. não choros longos. pequenos chorinhos ao longo do dia.
acho que virei uma chata.
não que eu tenha me tornado chata, mas que parece que deixei de ser legal o bastante para pessoas que nem me importo tanto (vai entender porque eu deveria estar preocupada com isso)
por alguma razão, me peguei pensando em pessoas que nem me importo tanto assim
que não sou tão próxima, que não tenho muito o que conversar 
e me importando com o que essas pessoas podem ou não achar de mim
não sei
por alguma razão pensei bastante sobre isso hoje

só foram 3 momentos que me pareceram 
desconfortáveis/fora do normal
e eu não entendo porque coloquei na cabeça
que alguém está chateado comigo por isso
eu não entendo

as vezes a minha realidade me preenche com tanto
que fica difícil ser eu
fica difícil me sentir confortável
e tranquila
em ser eu mesma 
em ser eu

e me pergunto o que é ser eu 
mais do que já sou todos os dias
sem alarde
sem caos
sem estresse 
(não escrevi nada com nada nessa parte)

me pergunto
se não já entendi minha personalidade da acomodação
por simplesmente não conseguir dar inicio a alguma projeto extra
a algo mais sólido além do meu trabalho de todo dia
que me consome e paga minhas contas
e que ainda não é suficiente para eu ser independente financeiramente
a vida do freelancer é mais desafiadora né
pelo menos parece 
e cheia de emoção, mudanças, coisas, fatos