quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

eu tenho tudo pra ter sucesso, eles dizem. nunca lhe faltou nada, tudo que você quis lhe foi dado. uma infância feliz, saudável. recebendo amor. nunca lhe faltou nada. por algum tempo eu tentei entender minha personalidade. entender porque sinto coisas do jeito que sinto e porque reajo como costumo reagir. porque eu ainda me desespero diante de certos conflitos e prefiro fugir a enfrentar. eu tento de verdade não me colocar num posição de vítima ou de pessoa fraca. tento encontrar forças e eu até crio coragem pra fazer o que me faz sentir melhor. eu to cuidando de mim e da minha saúde. eu não fico me torturando, mas ainda existe a cobrança que minha ansiedade não me deixa esquecer. ainda existe o fantasma que me persegue dizendo como eu não sou boa, como eu não sou inteligente, como eu não tenho nada a oferecer pra ninguém. e ai eu me deparo com minha família e de um lado eu vejo uma mulher forte, com suas dores e traumas, mas que nunca se entregou ou desistiu. até hoje eu me pergunto até que ponto isso é saudável. do outro um homem ríspido, sem tato algum que mostra amor de forma peculiar. isso tudo dói. eu não gosto de pensar que isso me afeta ou que eu ser como sou hoje é culpa de todas essas dores acumuladas da criação. mas dói. quando eu vejo meu pai falando de forma completamente ignorante e sem um pingo de filtro com uma criança de 10 anos. dói ouvir uma criança ser chamada de preguiçosa, fracassada ou sem interesse só porque não sabe fazer o dever de casa sozinho. dói pensar como falta a responsabilidade de cuidar. se uma criança de 10 anos não lê muito, talvez seja porque não exista incentivo. quantas vezes eu fui levada à livraria? quantas vezes miguel foi levado a livraria? mesmo não querendo eu sinto mágoa como penso que 

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